21.11.06

22/12/2005 - O cocô

Galera, eu formando agora resolvi desenterrar uma crônica minha dos velhos tempos que representam muito bem meu tempo de PUC, já que ela foi produzida para o TOSCO, o nosso jornal subversivo da universidade. Fiz pequenas alterações que condizem mais com o que eu acredito atualmente.

O cocô

Poucas coisas na história são mais antigas que o cocô. Adão, antes de pedir ao criador uma companhia por estar sozinho, provavelmente também evacuou. E você leitor, acredita mesmo que aquele pedaço de maçã pecaminosa foi digerido e pronto? Até Jesus, e não tome isso por blasfêmia porque eu sou cristão, dividiu o corpo em forma de pão e, eu garanto, era figurativo, porque se Pedro não cagou aquele pedaço de pão eu abandono o jornalismo! É necessário, portanto, que todos concordemos que o mundo é formado por fauna, flora e cocô, é claro.
Defecar é uma arte que depende de forma direta da alimentação que precede o próprio ato. Uma boa macarronada acompanhada de uma salada leve é ideal. Um para dar volume, o outro consistência. A produção artística propriamente dita começa no momento em que o autor acomoda-se à latrina. De cócoras ou não, é de suma importância encontrar o ponto ideal de esforço, fazer pressão em demasia pode afetar a forma do bolo fecal. Em alguns segundos, ou minutos, dependendo até horas, a obra está pronta, inerte na água (ou na terra) pronta para ser fotografada, pintada ou esculpida (esta última não é muito indicada pela sujeira que pode vir a causar). É importante realçar que animais irracionais não têm consciência do ato de evacuar, portanto não fazem arte, abortam excrementos. Não se engane leitor ao pensar que homens e mulheres são diferentes ao sentarem-se na privada. É exatamente esse o momento em que se igualam e nossas semelhanças ficam comprovadas. Nossos aparelhos genitais podem ser diferentes, assim como nossos hormônios, mas na sentina somos todos humanos.
Você provavelmente está se perguntando porque perco o meu tempo escrevendo isso. Estou buscando meu lugar ao sol. Na era em que Claudinho e Bochecha são músicos, Carla Peres é dançarina, Leonardo DiCaprio é ator e um palhaço chamado Ronald é mais conhecido que um escritor chamado Franz, tentei a ironia. Estou fazendo arte.

Ps: Resolvi deixar o final como era, eu sei que o Claudinho morreu e, longe de mim querer maldizer o defunto, mas pra manter o nexo decidi deixar como era. E já nem acho o Di Caprio o pior ator do mundo, mas ai me lembrei que tinha colocado ele porque fazia tipo dez minutos que tinha assistido A Ilha, em que o rapaz é o ator principal, e decidi que ele continua merecendo o torra.

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