_ Me dá um rum!
O garçom olhou pra mim como se aquele fosse o pedido mais
estapafúrdio que já houvessem feito em toda a história das pizzarias.
_ Com coca cola? Falou em seguida, com uma testa franzida.
_ Não, só o rum mesmo.
_ Mas o senhor quer o rum, com rum e só?
_ Isso, uma dose de rum.
_ Com gelo?
_ Não, amigo, só uma dose de rum em um copo.
Ele saiu, deu dois passos, parou um instante, como se fosse
dar meia volta e perguntar novamente, mas seguiu seu rumo. Dois minutos depois voltou,
trazia dois copos, em um a dose de rum, no outro um copo com gelo e limão:
_ Pra caso o senhor...
E emudeceu, como se dissesse, “para caso o senhor decida
tornar-se minimamente normal nos próximos minutos”. Meus amigos na mesa acharam
igualmente estranho. Só que traduziram isso em risos. Afinal, havia na mesa um
que sempre teve especial simpatia por bandeiras piratas.
A normalidade é relativa. Ela vai até o espaço em que a
minha insanidade é maior do que a sua.