21.11.06

06/09/2006 - Final da Libertadores 2006/16 de Agosto de 2006

Só há uma vantagem em ter duas equipes na final de um torneio importante em que seu time não esteja presente: é poder assistir a tudo de camarote e dar pitacos mais isentos que os da maioria. Hoje à noite jogam Internacional e São Paulo pela derradeira final da Libertadores. Seria só mais uma final bacana, se não fosse a atuação da imprensa paulista. Os caras decidiram que o São Paulo era a maior equipe do mundo e que tinha o departamento de futebol mais organizado que o do Manchester. Eu sou o primeiro a louvar a boa organização do time paulistano e de dizer que o time do São Paulo é sim diferenciado. Tem um bom e consistente elenco. Mas espera ai amigão, esse time do São Paulo está longe de ser a maior unanimidade do Brasil. É bom? É! Mas o time do Cruzeiro de 2003, por exemplo, era bem melhor. A equipe do Corinthians de 99 era muito melhor. O Palmeiras da Parmalat era trezentas vezes melhor. E o São Paulo do Telê, o primeiro principalmente, era anos luz melhor que esse. Até o time do Brasiliense do Péricles Chamusca me botava mais medo (ignore, exagero, é só modo de dizer).
Apesar de centroavantes (Aloísio e Ricardo Oliveira) de ótimo nível, o São Paulo desmonta completamente quando perde um dos seus ótimos volantes ou quando o Danilo joga mal. Mineiro e Josué são a alma do São Paulo, Danilo é a cadência, sem um dos três o São Paulo é um time comum. A zaga é boa, mas como o próprio Lugano gosta de falar ao se referir a jogar na Europa: “Jugar con tres és muy fácil, muy fácil... Nesta és bueno? Si, pero yo quiero ver Nesta jugar em la defesa de Palmeiras”. E que me desculpem, apesar de bater falta de maneira primorosa, Rogério Ceni está longe de ser a unanimidade que a imprensa paulista quer que ele seja. Rogério Ceni levou mais frangos no ano de 2006 que o Edinho levou na carreira inteira. Levou gol ao tentar dar toquinho por cima de atacante, soltou bola pro meio da área, não rebateu bola que veio em cima dele. Mas ai ele vai e mete um gol, dá uma entrevista bem articulada, fala três palavras difíceis e o Cleber Machado e o Galvão Bueno dizem que ele é Deus.
Mas voltando ao jogo, desconstruí o time do São Paulo para dizer que acredito que o Inter sai campeão hoje do Beira-Rio. Primeiro porque joga em casa, e tem muita força assim. Tem um centroavante tão bom quanto os do São Paulo (Fernandão) e um outro atacante que é acima da média, melhor que qualquer outro que o São Paulo tenha, que é o Rafael Sóbis. Tem um lateral esquerdo que apóia de maneira tão consistente quanto o Júnior (Jorge Wágner), um meio campo tão versátil quanto o do São Paulo, e o Tinga é muito mais regular que o Danilo. O Inter tem uma boa dupla de zaga, mas sua principal falha, na minha opinião, está no gol, no “de lua” Clemer. Capaz de salvar uma equipe durante um jogo, fazendo defesas espetaculares, Clemer às vezes se sai como um lambão e entrega o resultado para o adversário. Resta ao torcedor colorado torcer para ele estar em uma noite inspirada.
Não tiro a possibilidade do São Paulo se sagrar campeão de novo, mas confesso que ficarei levemente surpreso. Fica publicada minha opinião polêmica e que ela seja apedrejada caso se mostre furada, ou que fique como um alerta se acontecer o contrário. A crônica esportiva sabe menos de bola que o povo.

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