3.8.09

O novo Rei do Pop

Passeando ontem pela folha on line me deparei com uma notícia curiosa:

“Kanye West garante, eu sou o novo rei do pop”.

O rapper americano disse que, após a morte de Michael Jackson, não há "ninguém melhor do que ele" para assumir o posto deixado pelo metade aberração metade celebriadde.
Veja as declarações.


"Não há ninguém que possa se igualar a mim em termos de vendas e, por conta disso, só faz sentido que eu assuma a coroa e me torne o novo rei. Primeiro foi Elvis, depois Michael e agora, no século 21, é a hora de Kanye. Eu tenho muito respeito por Michael, mas alguém precisa assumir o que ele deixou e não há ninguém melhor do que eu para fazer isso. Eu sou o novo rei do pop”.

Em entrevista anterior:
"Eu percebi que meu lugar na história é o de que me tornarei a voz dessa geração, dessa década. Eu serei a voz mais alta".


A voz de uma geração. Nisso talvez ele tenha razão. A voz de uma geração insossa, sem graça e sem rumo, sem ídolos e, em contrapartida, cheia de ídolos, todos, com raríssimas exceções, breves.

Kanye West é a voz da minha geração. Deixo para ele esse posto, que podia ser de qualquer imbecil. Vi coisas bem mais interessantes do que ele surgirem nos anos 90, mas ninguém com tanto... com tanto tato, digamos.

Kanye West é a voz da minha geração, a minha geração que precisou ouvir dos irmãos Liam e Noel Galagher, do Oasis, que eram melhores que os Beatles e mais populares que Jesus, não necessariamente nessa mesma ordem.

Kanye West é a voz da minha geração. A geração que viu nascerem e morrerem góticos, grunges, metaleiros, clubbers e vê os emos, tadinhos, no seu auge, mas morrerão também.

O Cure, hoje, é peça de museu, o Pearl Jam virou a banda de pregadores no deserto, o Iron Maiden só faz sucesso no Brasil, com fãs do meu tipo, saudosistas, não sei por onde anda o Prodigy e deixa o NXO chorar, o tempo deles também é curto.

Os grandes movimentos musicais das décadas de oitenta e noventa foram importantes e marcaram seu tempo com muita pujança (na minha opinião, principalmente na década de 90). Entretanto, deixaram uma lacuna a ser preenchida. Num mundo de velocidade, múltiplas possibilidades e descentralizado, reis como Michael Jackson e Elvis Presley têm mais e menos espaço, ao mesmo tempo. Me explico.

Quando meu pai ia à casa de um colega recém chegado do estrangeiro, se juntar a outros 15 aficcionados para ouvir o último LP lançado pelo Yes, a relação que eles tinham com a música era uma. Era de descoberta e reverência. Porque não existia acesso a diversos discos da mesma estirpe. Meu pai, hoje, sofre com isso. Toda a semana em que vai à sua loja tradicional de cd´s, fica perdido sobre que banda de rock progressivo ele vai comprar o cd agora. Me atrevo a dizer que meu pai deve ser o maior especialista em progressivo italiano e japonês em Belo Horizonte. Talvez o único.

As opções se desdobram e derramam as estantes das lojas. E isso para o meu pai, que é um cara que ainda prefere comprar o disco e ter o encarte, porque “mp3 estraga a qualidade da música”. Já eu, que tenho acesso ao acervo mundial de música chamado internet, me sinto perdido entre tantas opções.

Já ouvi de tudo um pouco. Gostei de várias coisas, mas não consegui ficar fã de nada. Escuto, gosto, adoro, ouço muito, mas não me sinto fã de Little Joy ou de Strokes ao ponto de atravessar dois estados para assistir a um show, como já fiz outras vezes, no passado sem internet, reverenciar os ídolos do meu pai.

Essa é a geração de Kanye West. Musicalmente, estilisticamente, estupidamente uma bosta. Mas se ele quer ser o rei do Pop, que seja. Eu vou procurar aquelas coisas estranhas, de arrepiar a espinha, que marcam o seu tempo. Porque acredito que Michael Jackson foi o último homem do pop capaz de abalar as estruturas do mundo da música e fazer o que o mundo alternativo faz pela música. Revolucioná-la. O que vier a partir de agora vai ser pop sucesso instantâneo, fracasso em 1 ano ou seu dinheiro de volta. Revolução é coisa pensada por poucos mas viabilizada por multidões. E quem leva as multidões hoje está muito distante de querer qualquer tipo de revolução.