6.2.09

A nova ordem mundial, a Bolívia e o Lítio

Existe uma nova ordem mundial.

A frase parece batida, eu sei, mas existe.

Ninguém sabe que ordem é essa. Ninguém sabe pra que lado o mundo vai. O que sabemos é que as coisas não serão mais como eram há dez anos atrás. Nesta nova ordem, não adianta fingir que não há aquecimento global, que Hugo Chávez e Evo Morales não existem. Eles existem sim. Um detém largo poder através do petróleo, o outro tem duas forças latentes em suas terras: gás natural e uma ainda pouco conhecida, mas igualmente fundamental, ou mais: o lítio.

Entre as montanhas e altiplanos com plantações de coca da Bolívia, existe alguém com uma das linhas do destino do planeta em suas mãos, e ele não pretende facilitar as coisas.

Evo Morales é uma lembrança viva em minha mente. Quando estive na Bolívia em 2002, Morales perdia a eleição presidencial para el estrangero Goni, o que motivou a comunidade indígena a fechar as estradas e trilhos de trem em protesto. Evo quase havia sido eleito em primeiro turno e perdera o segundo, no congresso, para Goni. Por isso ficamos dois dias em Santa Cruz de La Sierra sem opções de voltarmos para casa.

Ele é um ldier cocaleiro nato. Longe de ter o país unificado nas mãos, mas com esmagadora maioria de pobres e paupérrimos ao seu lado. Assim como Chávez.

As pessoas não imaginam. As baterias de íon-lítio de carros híbridos e elétricos, teoricamente o futuro da indústria automobilística, necessitam mais da Bolívia que nós, brasileiros, podemos pensar. Mais da METADE de toda a reserva de lítio do mundo está no Salar de Uyuni, na Bolívia. Quando li essa notícia nesta semana tomei um susto.

Trabalhando na Fiat eu sei que este é um caminho que a maioria das empresas está trilhando. Carros sustentáveis. O Brasil ainda insiste no álcool e não duvido que essa seja a solução tupiniquim para o problema do combustível.

Entretanto, o resto do mundo vai em direção aos carros elétricos. Alguém aqui imagina o que aconteceria se metade das reservas do que faz os carros andarem ficasse debaixo da saia de Evo?

Acredito que problemas como a falta de abastecimento de gás pela Rússia seria fichinha. Os árabes queimando poços de petróleo então...

Há um novo Oriente Médio se erguendo na América Latina e, se ele souber se aproveitar disso fugindo de bravatas e focando em lucrar com o que tem, a Bolívia pode se tornar, em médio prazo, os novos Emirados Árabes do mundo.