17.6.08

O menino que tinha medo do novo.

Enquanto o sol brilhava, não havia chatice que desfizesse o seu sorriso. Aquele menino, era de se reconhecer, sabia fazer as pessoas rirem. Mas tinha uma coisa que ele não sabia lidar: era a escuridão.

Chegava a noite, apagavam-se as luzes, e ele se metia debaixo da cama com medo do que viria.

_ É medo de monstro, dizia a mãe.

_ É frescura de menino, dizia o pai.

Nem medo nem frescura. O que o menino tinha era receio do novo. Era não saber se, quando acordasse, as coisas ainda estariam ali, do jeito que ele conhecia. E aí, se não estivessem, como suas piadas teriam graça? Como o seu sorriso iria brilhar?

Mas então veio a tempestade. A tempestade que varreu a cidade. Era uma noite de junho, estranho chover em junho...

De ponta a ponta, água que não acabava mais. Ele debaixo da cama, com medo do que viria.

E aí veio a luz do raio seguida pelo barulho do trovão.

E no meio da noite, no nada absoluto, ele viu o clarão. E foi então que ele entendeu que, mesmo no momento mais escuro, se ele soubesse olhar, haveria luz.

As encruzilhadas estão aí, a novidade também. Não é preciso ter medo da novidade. Ela vem para o bem, ela vem para mostrar o caminho, ela vem para o progresso.

Não há razão para não inovar. Não há razão para temer o escuro porque é nele que somos obrigados a tecer o futuro.